Há dez anos no futebol europeu, o catarinense Guilherme Siqueira, de 28 anos, é uma das promessas do técnico argentino Simeone para o lugar do lateral esquerdo Filipe Luis, que se transferiu do Atlético de Madri (ESP) para o Chelsea (ING). Siqueira começou a carreira nas categorias de base do Figueirense, passou pelo arquirrival Avaí, antes de atuar por grandes clubes europeus como Interzionale, Lazio, Udinese e Benfica. Atuou com craques como Zanetti, Adriano e Figo. Com cidadania espanhola, o jovem espera ter uma oportunidade com Vicente Del Bosque ou quem sabe com Dunga na seleção canarinho, já que ainda não atuou pela “La Roja”.  Em entrevista exclusiva para o brazucasporai, o jogador contou sua trajetória no eldorado europeu.

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Siqueira atuando contra o arquirrival Real Madri (Foto: Arquivo Pessoal)

Como foi sua saída do Brasil para a Europa? Não acha que saiu do país muito cedo?

Foi à realização de um sonho. Saí da base do Figueirense, e acertei com a Interzionale, mas não podia viajar para assinar um contrato por ser muito novo. Então, fiquei seis meses no Avaí e depois fui em definitivo para a Inter de Milão. Eu era muito jovem e estava ao lado de grandes nomes do futebol mundial e ídolos que eu acompanhava apenas pela televisão como: Júlio César, Javier Zanetti, Ivan Cordoba, Luís Figo, Verón e Adriano. Procurei aprender o máximo com todos eles. Sou muito grato por tudo que eles fizeram por mim. Sempre tive um grande apoio na minha passagem pela Inter.

-Além da Inter você atuou por outros clubes italianos antes de chegar ao Granada em 2010? Como foi?

Tive uma lesão séria na Inter e isso acabou me atrapalhando. Quando retornei, fui emprestado para Udinese, Ancona e Lazio, até ser negociado com o Granada.

Você foi pouco aproveitado pelo Granada? Por que te emprestaram para o Benfica?

Pelo contrário. Fiquei três temporadas no Granada. Quando cheguei à equipe estava na segunda divisão. Acabamos conquistando o acesso e depois fizemos boas campanhas na Liga Espanhola, vencendo, inclusive, o Real Madrid, o que não acontecia há 40 anos. Tenho um carinho muito grande pelo Granada e pela torcida que me tratam até hoje como um verdadeiro ídolo. A minha ida para o Benfica foi pelo fato do Granada já ter me segurado em anos anteriores. O Benfica já havia tentado me levar outras vezes, e na temporada passada acabou dando certo.

Você foi muito elogiado pelos dirigentes do Atlético do Madri por ser um jogador muito bom na bola parada, um lateral com muita projeção ofensiva e defensiva. Que outras virtudes suas você poderia destacar?

Acredito que essas são realmente minhas principais características. Fora isso, sou um jogador muito competitivo, que não gosta de perder, e me entrego muito durante as partidas.

Como é atuar ao lado de um técnico linha dura como o Simeone?

É um treinador realmente diferenciado e que sabe lidar com os jogadores. Um estudioso do futebol e um cara sempre de bem com a vida. Está sendo muito bom esse contato com ele. O meu estilo de jogo encaixou bem com o que ele vem pedindo. Quero extrair o máximo dessa experiência sob o comando dele.

Você e o Filipe Luis são muitos amigos. Como é atuar na posição que ele fez grande sucesso?

É uma responsabilidade grande substituí-lo. Jogamos juntos nas categorias de base do Figueirense e quando surgiu à possibilidade de eu ir para o Atlético, ele me ligou para me incentivar e desejar boa sorte. O Filipe cresceu muito dentro do Atlético e hoje está entre os três melhores laterais do mundo. A torcida acompanhou todo o seu crescimento e hoje tem um carinho enorme por ele aqui no clube. Espero ter uma trajetória tão bonita quanto à dele e conquistar essa torcida maravilhosa que é a do Atlético.

O que você tem achado das atuações do Miranda pela Seleção?

O Miranda é um jogador diferenciado. Possui muita qualidade e hoje está entre os melhores zagueiros do mundo. É bom tanto na parte defensiva quanto ajudando no ataque nas bolas aéreas. Estou aprendendo muito jogando ao lado dele no setor defensivo do Atlético.

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Com o amigo Miranda da seleção brasileira (Foto: Arquivo Pessoal)

-Mesmo com a idade um pouco avançada, você ainda espera ser lembrado pelo Dunga?

Confesso que não é uma coisa que fico pensando. Acho que se acontecer, será reflexo do meu trabalho no clube que estou defendendo. Se for chamado algum dia, terei o maior prazer e felicidade em defender a camisa do meu país.

Você pretende se naturalizar por algum país da Europa?

Tenho cidadania espanhola. Renunciei a minha cidadania italiana quando peguei a espanhola. Na temporada passada saiu algo na imprensa que alguém ligado ao Vicente Del Bosque estaria me observando, mas nunca foi conversado nada comigo. Caso em algum momento eu seja chamado, será um prazer também defender a Espanha, um país que sempre me acolheu muito bem desde quando eu atuava pelo Granada.

Guilherme

Siqueira com a taça da Supercopa da Espanha 2014 (Foto: Arquivo Pessoal)

-Mande um recado para os seus fãs do “brazucas por aí”.

Só tenho a agradecer o carinho que venho recebendo dos torcedores brasileiros que estão me conhecendo um pouco melhor. Recebo muitas mensagens através da minha fanpage (www.facebook.com/guilhermesiqueiraoficial) e isso me deixa bastante contente. É sinal que o meu trabalho vem sendo bem feito. Espero que todos continuem acompanhando o campeonato espanhol e a Champions League, principalmente torcendo por vitórias do Atlético de Madrid. Um grande abraço a todos.